Artigo publicado no Quaterly Journal of the Royal Meteorological Society (2020) – Observations of air–sea heat fluxes in the southwestern Atlantic under high‐frequency ocean and atmospheric perturbations pelos pesquisadores da DIOTG / INPE: Marcelo Santini, Ronald Buss Souza, Luciano Pezzi e Sebastiaan Swart, da Universidade de Gothenburg (Suécia) fornece dados importantes de fluxos turbulentos do sudoeste do Oceano Atlântico que permite melhorar simulações de tempo e clima na América do Sul. Marcelo Santini compõe a equipe do LOA e é pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Sensoriamento Remoto – INPE e resume abaixo o trabalho:
Os fluxos turbulentos de calor entre o oceano e a atmosfera foram calculados a partir de dados micrometeorológicos obtidos in situ em alta frequência durante dois cruzeiros de pesquisa realizados no sudoeste do Oceano Atlântico (SWAO) nos meses de junho de 2012 e outubro de 2014. Duas áreas distintas e dinâmicas foram amostradas pelos cruzeiros: a Confluência Brasil-Malvinas (CBM) e a Plataforma Continental do Sul do Brasil (SBCS). O método de covariância de vórtices (CV) foi usado para estimar os fluxos de calor sensível e latente. Este artigo compara essas novas estimativas em alta frequência dos fluxos de calor com parametrizações de bulk, método este amplamente utilizado pela comunidade científica, no mesmo local e tempo de forma independente a bordo dos navios. Ao comparar a CV e as séries temporais estimadas por bulk, os fluxos de calor sensível apresentaram uma boa concordância em sua magnitude e variabilidade, com pequenos vieses (geralmente < 20 W.m-2) nas duas áreas de estudo do SWAO. No entanto, as comparações dos fluxos de calor latente apresentaram grandes vieses variando de 75 W.m-2 a 100 W.m-2 na SBCS e CBM, respectivamente. Esses vieses foram associados a perturbações ambientais de alta frequência que ocorrem na atmosfera ou no oceano, sendo a maioria relacionada a eventos de rajadas de vento, grandes diferenças entre a temperatura ar e do mar e a intensos gradientes horizontais da temperatura da superfície do mar (TSM). As rápidas mudanças nas condições atmosféricas foram principalmente relacionadas à passagem de sistemas sinóticos nas duas áreas de estudo. As grandes diferenças entre a temperatura ar e do mar foram principalmente ligados às características da superfície do mar nas regiões da CBM e na SBCS, onde frentes oceanográficas com intensos gradientes horizontais de TSM estão localizadas. Esses resultados são capazes de contribuir para a melhora das simulações do tempo e do clima das latitudes médias a altas da América do Sul e do Oceano Atlântico, sendo essa região amplamente influenciada pelos padrões de TSM combinados com a propagação frequente de sistemas atmosféricos transientes.